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Mutações no DNA aumentam a suscetibilidade ao ciclo depressão-mania

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Cientistas tentam entender a fundo esse mecanismo para desenvolver drogas que ajam na origem biológica do transtorno

Que feitiço era aquele que transformava o pranto em gargalhadas para depois sufocar o riso num mar de melancolia? Possuídos, endemoninhados, duas caras. Incompreendidos, primeiro foram chamados de bruxos, acorrentados, punidos com sangrias e condenados à morte. Quinhentos anos depois de Cristo, Arateu da Capadócia já relatava casos de pessoas que dançavam durante o dia e choravam por toda a noite. Mas não seria antes do século 20 que o transtorno bipolar entraria no rol das doenças psiquiátricas. Cem anos de pesquisa, porém, ainda são insuficientes para desvendar o mal que continua desafiando a medicina.

Na Grécia antiga, recomendava-se banho de mar para equilibrar os humores. Durante a Idade Média, poções mágicas eram receitadas às escondidas. Também se recomendavam orações para expiação dos pecados: a culpa da insanidade pesava sobre o doente, que estaria pagando por suas transgressões. Mais recentemente, o tratamento passou por barbitúricos, sedativos e lobotomias. Nada surtiu efeito. Hoje, antidepressivos e estabilizadores de humor conseguem controlar e mesmo evitar o surgimento de crises, mas os médicos estão atrás de uma droga específica para o distúrbio. Para desenvolvê-la, cientistas têm buscado explicações na genética sobre o ciclo depressão–mania.

Casos de transtorno bipolar costumam acontecer entre famílias, o que levou pesquisadores a suspeitar, na década de 1950, que a doença teria componentes hereditários. Desde então, alterações genéticas foram associadas à flutuação severa do humor. Principalmente depois do Projeto Genoma, descobriram-se diversas mutações em regiões do DNA que aumentam a suscetibilidade ao distúrbio. Considerado o maior especialista mundial em psiquiatria genética, Nick Craddock, diretor do Centro Nacional de Saúde Mental da Universidade de Cardiff, no Reino Unido, lembra que não há solução simples para o problema. “O ponto principal é que a maior parte dos casos de distúrbio bipolar envolve a interação de diversos genes ou mecanismos genéticos complexos, ao lado de questões ambientais e de um gatilho”, alerta.

 

Fonte: Correio Braziliense  Brasília- DF

Autor

Dra Thaysa Gazotto Neves

Dra Thaysa Gazotto Neves

Psiquiatra

Especialização em Terapia Cognitivo Comportamental em Dependência Química no(a) UNIFESP.